25.8.11

O Homem pomba


Parado na fila do ônibus, o homem olhava ao redor. Seus olhos, um pouco arregalados, perscrutavam o terminal, à procura. Em suas mãos, um saquinho de pipoca que ele comia lentamente. 

Quando achou que ninguém olhava, jogou algumas pipocas no ar, levando a mão à boca em seguida. Tão logo seu gesto findou-se, dezenas de pombas avançaram atrás do parco alimento, brigando entre si, esperando que a grande pipoca caísse da pequena boca do outro animal, para assim ser roubada. 

As pessoas olhavam estranhando a quantidade de pombas, enquanto o homem olhava para longe e comia suas pipocas. Os pequenos animais o circundavam, esperando outro gentil gesto. Umas olhavam para cima, com olhos que pareciam questionadores. Uma levantou voo para encarar o benfeitor pelo tempo que conseguiu sustentar-se no ar. Ele parecia pouco espantado com o acontecido, e fingia indiferença. 

Quando achou que ninguém olhava, repetiu o ato de jogar pipocas pelo ar. As pombas alvoroçaram-se novamente, algumas pegaram a comida ainda no ar, como cachorros. Os outros se incomodavam com os bichos, tentavam espantá-los. Mas o homem continuava a comer, tranquilo, e olhou ao redor, com aqueles olhos estranhamente esbugalhados, como os de uma pomba, que pareciam desafiar alguém a questioná-lo.

0 comentários:

Postar um comentário